Sabes,
Junto ao caldeirão ficava sempre a mulher normanda.
E a seu lado, mau grado a lei,
Um homem, cujas imposturas o faziam esquecer
A esplêndida mulher - essa - que o olhava
No ruído dos tamancos.
Sentava-se numa cadeira (essa criatura).
Estava sempre só
Com a medalha antiga e o avental de pano preto
A coser meias e a panela ao lume
De caldo esquecido.
Estou fatigada, disse.
E os vidros das janelas embaciavam-se com este desabafo.
Estou farta deste frio,
Do barulho dos tamancos neste chão de madeira
Que conheço há muitos anos.
Sem querer permanecer, a mulher ia
Ficando ao lume
Remendando as meias
E com uma cobertura de lã nos joelhos.
A noite caíra e um reflexo
De luar entrava pelas janelas.
A mulher lembrou, de repente, duas florestas que esquecera
Perto do lago
Onde existiam mil homens
No registo da paróquia.
Também recordou um entroncamento
Onde optou pela casa de pasto mais moderna
Que ficava na estrada que segue para Consac.
O perigo não está na cidade, está na estrada
Que escolhemos e onde esfolamos os joelhos.
Então, esquecida de si, tentou optar
Junto ao caldeirão
Por um par de meias que fosse mais digno
De remendar.
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