para o Jorge
Fui com alguma frequência à praia de Consac,Com o meu primo. De aparência calma,
Amava - sobretudo - a mais bravia liberdade,
Quando se expressava mudo perante a beleza
Das máscaras transportadas pelo vento
E que queriam falar de navios e baldes de crianças.
Nesse tempo, tudo conservava a mais admirável beleza,
Pois as ondas - de raça infatigável - nada
Tinham a ver com a palidez da morte.
Traziam sempre a notícia de certa novidade,
A forma peculiar de construir um castelo fortificado
E assistir à drenagem das águas e aos aplausos da canalha,
Admirados com estátuas temporárias.
Parece ter sido ontem (o meu primo, essa praia).
Antigamente,
Eramos camaradas de boas causas. Nada nos atormentava.
Só tinhamos pena do fim do dia no areal.
Era essa a única conta a pagar,
A única desilusão. Mas a noite chegava e,
Com ela,
Uma sucessão infinita de estrelas abertas no breu,
Levantava a luz da casa dos meus pais.
O meu primo dizia que eram longas as férias.
E não tínhamos dúvidas, nesse tempo.
Mas qualquer coisa se perdeu (não duvido).
Um barco
Um filho enviado à dor de um casco de navio
E a noite (sempre a noite)
Para não falar em solidão.
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