o teu sorriso cálido de fraternidade,
Nazim Hikmet.
E, embora nem o sonhes, a metade do teu coração
também está aqui.
Aqui
neste velho canto ignorado onde fenece
um cravo branco e há poeira nos livros,
nos móveis e nos retratos familiares,
nesta tranquilidade de soneto antigo
e verdades falsas,
insinua-se o teu canto apenas sussurrado.
Contigo a sólida e nítida lembrança
dos muros compactos
e dos homens dentro dos muros compactos.
De todos os homens detrás dos muros,
olhando os muros,
adivinhando o céu, a montanha,
o rio e o campo,
para lá dos muros.
Aqui
é apenas um quarto desarrumado de rapaz
onde há poeira, livros gastos e retratos familiares
e a sombra dos muros,
lembrando a luz que projecta.
- Rui Knopfli
in Memória consentida (poesia 1959/1979),
Biblioteca de Autores Portugueses
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