para a minha mãe
Criaram hábitos de jardim ou de montes
Num mundo em especulação.
É no fim do Verão que sentimos as caravanas
De cães e ciganos atrelados às
Certezas de festas nas zíngaras.
Movimentam-se à disposição das Tílias
Que libertam
Folhas no negócio feito com a mulher que tem uma janela verde e a tarde presa ao homem bêbedo
E é longe no amor de alguém.
A caravana sobe a calçada
Num verbo intemporal de seguir um caminho
De criar um destino em alameda.
Coisas recusadas por ciganos
Que preferem esquinas imprevisíveis
Ao traçado em avenida
Sem buracos nos passeios
Caídos em sobressalto.
Nem a escuridão os demove do movimento
De seguirem com cães que vão decorando a noite
E a memória de quem assiste
Por detrás da janela verde
A alguém que passa
Sob o luar
Que deambula
Até ser dia.
Depois, rompe-se uma coisa qualquer
E o toldo surge do outro lado do rio
Com uma fogueira
Acompanhada dos tais cães magros, de pêlo curto.
A cigana recusa ser a guardiã.
Ajeita o cabelo,
Arruma a nova morada.
Os filhos cresceram, sobretudo,
Nas chaminés da cidade
E, assim, foram a uma, duas, a três escolas.
A cigana pensa numa manta de retalhos
Por causa de um movimento
Que se faz em caravana,
E de uma mulher que a observa de uma janela verde.
Antigamente,
Era noite num acampamento
Junto a um pomar,
Os cães ladravam
Ao mesmo tempo que
Roubávamos maçãs
Que eram vendidas, mais tarde,
Nessa manta.
Hoje,
Fazemos o mesmo: deixámos os filhos em sítios distantes
Estendemos a mesa em qualquer lugar
E
É este movimento:
A manta descendo em caravana
E nós
Roubados ao silêncio
Da mulher que estava na janela verde
E era noite
Nesse escuro chamado luar.
Sem comentários:
Enviar um comentário