quarta-feira, maio 26, 2010

A fortaleza cresce

A terra jaz em pousio, alimento de gralhas e corvos agora.
As barreiras proliferam e, de um modo nunca antes feito,
desconfiados, ao longo da vedação, cães desconhecidos correm.
Temos que pagar: em dinheiro, e bem caro.

Porque o medo centro-europeu – rico e vulnerável –
cheira a suor nos seus rascunhos para um muro defensivo:
como uma fortaleza a Terra de Novembro quer agora segurança
quanto a Negros, Árabes, Judeus, Turcos, Ciganos.

Como fronteira a leste a Polónia servirá de novo:
assim, velozes, repensamos a história – em proveito próprio.
Construir castelos sempre foi a nossa maior alegria,
levantar muralhas, escavar o fosso;
e contra a brutalidade, depressões, estupidez e ataques de melancolia
sempre algum Hölderlin aliviou com poemas o nosso fardo.

- Günther Grass
(versão de LP)

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