no canteiro improvisado
entrou depressa demais
nos meus pulmões.
O ar tornou-se um silêncio incómodo
– pouco e frio. Essas palavras,
que íamos agora ouvir, a apagarem-se
diante dos meus olhos. E a acenderem-se
logo depois, debaixo das tuas pálpebras.
Os néons substituíram toda a mobília
do quarto: já não o vejo.
Descobrimos a seguir os vapores
que se levantavam das minhas
mãos, até todas as chávenas vazias.
E calámo-nos.
Quase nada do que foi plantado
resistiu ao domínio da hortelã.
Os outros versos nunca chegaram a existir.
- Margarida Ferra
in Curso intensivo de jardinagem, & etc
1 comentário:
que poema magnífico
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