Usa um brinco na orelha,
Pulseiras e colares de cor,
Cabeleira em coçar de pele-vermelha,
E o uniforme punk de rigor.
Transpira droga, violação, violência,
As sangrentas sevícias contra quem o provoque,
Uma moto feroz numa veloz demência,
Roubo, assalto, assassínio... e o ritmo rock.
Tem aos pés uma caixa negra, inquietante.
(Instrumento musical? Arma de fogo?)
Fixa-me num olhar vago, distante...
Em que pensa (se pensa)? Anda-lhe um golpe em jogo?
Para mais, o café está quase vazio.
Quando o empregado se aproxima dele,
Sinto o temor de um arrepio
Na pele.
Numa voz de contralto (que surpresa!)
Pede um «caracol» e um leite quente.
Depois, começa a ler, cotovelos na mesa,
Uns comics do Disney. E ri perdidamente!
- António Manuel Couto Viana
in As escadas não têm degraus, nº4, Cotovia
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