Podemos sempre falar em depois.
A rosa artificial que me antecedeu
permanece indiferente com as
suas manchas de ouro, voltada
sobre a imagem da cidade.
Tantas foram as já nomeadas,
mas esta também tem a sua virtude,
espinhos de plástico que simulam
o atrito de viver que são estes dias.
Duração resistente ao tempo,
ao apetite e ao sol que a cobre
pela mesma indiferença.
Na fronteira de ser, a sua sombra
tem mais vida e quase chega até mim.
Rosa, ouro e olhar, desperta
na sua duplicidade o desejo
e a plenitude de amar,
contra o vidro que me separa.
* Verso de Stephen Spender
- Rui Miguel Ribeiro
in XX Dias, Averno
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