sábado, abril 17, 2010

Uma noite

O quarto era pobre e sórdido,
escondido por cima da taberna suspeita.
Da janela via-se a travessa,
suja e apertada. De baixo
vinham as vozes de alguns operários
que jogavam às cartas e faziam uma farra.

E aí na cama modesta, para o povo
tive o corpo do amor, tive os deleitáveis
lábios corados da embriaguez -
corados de uma embriaguez tal que mesmo agora,
que escrevo, depois de tantos anos!,
na minha casa sozinha, de novo me embriago.

- Konstandinos Kavafis
(tradução de Joaquim Manuel Magalhães e Nikos Pratsinis)
in Os Poemas, Relógio D'Água

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