Olha à tua frente
O Universo flor de laranjeira
Do outro lado, o grande pomar revela a cor que quiseres
Em lábios indecisos no teu corpo
Enquanto admiras a terra em sofreguidão
O vento acorda a estátua escondida no silêncio
E a luz ténue, do domingo, no adro da igreja
Será o teu destino em folhas espraiadas no socalco
Que transpões, numa língua de céus impossíveis
Descendo na claridade do ventre da tua mãe
Depois, estenderás o avental em bicos de pássaros
E estes secarão sem medo e sem agonia
E as folhas das árvores dançarão em trompete a mexer o teu peito
Rebela-te por pés de cadeiras esquecidas, por rostos que não se escrevem
Inventa a maneira perfeita do teu olhar transfigurado
Abrir palavras cinzentas e o recheio da retina
A carne da tua visão será o labirinto das paredes do teu quarto
Abertas sobre o tempo
Em exaustão
Estranharás as camadas de cal a cobrirem o corpo lúcido do pátio
O teu mundo será uma cesta de frutos na maturidade das raízes.
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