O homem está sentado ao seu lado.
Segura uma bengala - faz de conta que não sente este peso
Por estar aqui, e sorri.
A mulher olha o relógio, diz ser tempo de almoço ou de coisa
Qualquer no estômago.
Sente-se destemperada. Há muito tempo que não acorda cedo
Já não se lembra das neblinas a subirem os cumes pela manhã.
O homem não sabe o que são cumes
Nem neblinas.
Só gosta de Eléctricos
E da venda ambulante do pão nos bairros em planalto.
Ao fim de tanto tempo, o homem aprendeu a não ligar às neblinas
Nem aos cumes altos.
São coisas que ficam bem num poema - diz - e não
Alimentam ninguém.
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