A Rafael Alcides
exprimir o assombro,
deixem-me pôr no ar,
como na água,
este ruído que são os homens,
este tamanho da minha intranquilidade,
este susto alegre dos acontecimentos.
Eu quero ter os olhos
ouvindo o estrondo destes dias capitais.
Estes dias de pôr um ferro na benemérita
lua.
Estes dias para te amar completamente
olvidando os fundamentos dessa senhora toda a vida respeitosa
que vive em frente.
E possuir-te e ter-te e trabalhar
e já.
Estes dias
de estômagos que se deitaram sem comer
e de canhõs que valem vacas
(e ninguém venha dizer-me que um canhão é um artefacto horrendo).
Não quero que ninguém pare à minha frente
para me dizer que qualquer problema não se vai resolver
ou que este mundo é terrível
porque o mando pró caralho.
Deixem-me
formular:
Creio no homem.
- José Yanes
(tradução de Manuel de Seabra)
in Poesia Cubana da Revolução, Futura
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