segunda-feira, abril 19, 2010

Esta noite estou um pouco por minha conta.
Sinto isso quando ouço as crianças zangadas no pátio
Jogando ao apanha e à macaca
E o vento assobiando na preocupação das mães
Debruçadas nas janelas e nos Eléctricos.

Há coisas que se sentem.
E isto quer dizer que faltou qualquer coisa na minha vida
Nesta vida de gente que vai deslizando nas calçadas
E que pergunta o que vai ficando em falta
Ao senhor da mercearia próxima.

Este gosto de estar
Às vezes não dá com nada.

Falta qualquer coisa,
Apesar de ser bonito o cantar dos Eléctricos nos carris.

Ou talvez seja isso.
O olhar de quem passa
Gente a quem falta qualquer coisa indefinida.

Não tenho certezas.
Não sei do que me queixo.

Hei-de morrer de dor incerta
Não sabendo o teu nome
Repetindo-o
Perguntando ao senhor da mercearia se te viu
Ou não viu
Entrando num Eléctrico
Para que eu
E o mundo
Tivessemos as nossas certezas
Das dúvidas de uma coisa
Que se apanha
E anda sobre carris.

É tarde. Perdi o 28.
Talvez te possa encontrar.

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