Sentava-se ao café e esperava.
A cidade humedecida para lá dos vidros.
Quem colheria primeiro com os olhos
acres indecisos insistindo
no sinal assente: vamos os dois.
Para onde? O mar ao longe ouvia-se
trazido pela chuva, as luzes amarelas
cercavam as garrafas das vitrinas
na falsa segurança do anoitecer.
Súbito, sem o troco, já saía
a escora das horas que viriam,
caminhou para a porta giratória
aceitou abrigar-se ao guarda-chuva.
Trocaram nomes
podiam ser fingidos mas continham
uma designação da carne,
uma alegria cruzando-se no tráfico,
o prenúncio de mãos incertas
tirando o corpo do seu escuro.
- Joaquim Manuel Magalhães
in Alguns Livros Reunidos, Contexto
Sem comentários:
Enviar um comentário