Escutai.
Escrevo para aqueles que amanhã
verão em nós o passado e a recordação.
Para ti, jovem poeta,
que numa noite cálida de Julho como esta,
dentro de trinta anos,
enquanto a tua mão semeia sobre o papel, verso a verso,
um poema que brotará como a flor sem nome
e sem cor da nostalgia.
Porque estarás pensando em nós,
os poetas que para ti serão como o passado
e a recordação,
que estamos agora aqui,
sobre a terra sagrada da pátria que nasce,
entre carabinas e consignas de vitória,
nas fileiras do povo e da Revolução
escrevendo poemas que não poderão ser escritos amanhã
que não poderão ser escritos nunca mais.
Por isso,
nesta cálida noite de Julho de 1961,
pensando em ti, jovem poeta que noutra noite Julho,
dentro de trinta anos,
te debruçarás sobre o papel onde está a nascer
verso após verso, um poema,
escrevo esta crónica para pedir-te perdão
pelo nosso enorme privilégio.
- Félix Pita Rodríguez
(tradução de Manuel de Seabra)
in Poesia Cubana da Revolução, Futura
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