primeira vantagem da escrita: a ininterrupção. a inexistência de um interlocutor imediato parece um sonho tornado realidade. quem escreve conduz uma ideia cujo obstáculo reside na própria escrita. cada paragem é uma estação de serviço - verificar o ar, atestar o depósito, comer uma sandes. o pior que pode acontecer é, perdendo o rumo, não ter um mapa. os mapas são fundamentais para o texto. a capacidade de distanciamento do texto para que sejam pesadas as hipóteses, as estradas alternativas, para que, no fundo, se fuja à elipse, é coisa de camionista experiente ou escritor genial. tudo isto num confronto silencioso (e honesto), claro.
suponho que exista por aí muito taxista da literatura, condutor mais esperto que os outros, que conhece aquele atalho e que está sempre de olho no taxímetro, a única coisa que realmente importa, a cada ultrapassagem perigosa a que o leitor avisado só pode fugir se fechar o livro. [às vezes é mesmo preciso que uma pessoa se atire do livro em andamento]
escrever num blogue é um exercício. juntar ideias, brincar, improvisar. dá gozo quando é indiferente, quando não é para ninguém, quando não se pretende impressionar, dialogar, chegar a. só gosto do blogue quando me estou nas tintas para o leitor. quando venho aqui e arrisco qualquer coisa, experimento (-me). mas não escrevo para ti, nem para ti, nem mesmo para ti. se gostares, claro, há uma espécie de conforto ou cumplicidade. mas se não gostares, leitor, salta deste carro.»- Catarina Barros
(post integralmente roubado daqui)
terça-feira, março 30, 2010
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