quarta-feira, fevereiro 03, 2010


O nome que tomba dentro
da cabeça um estremeção
na boca a incerteza
do corpo noutro, as tuas mãos não
há tempo para perguntas.

Há-de passar este verão,
e outro, e em vagar de poço
apodrecer a vida, a ilusória
luz do corpo, o destino
de todas as palavras são só imagens,
flexões da tua terceira pessoa,

desmoronamentos do que dizes,
comoção sombria,
e a isso, à mudança das coisas,
dos lugares e usos
do amor, chama-se, sem o saberes,
morte.

- Fernando Luís Sampaio
in Escadas de incêndio, Quetzal

1 comentário:

Luís Felício «Brot und Wein» disse...

que poema extraordinário! nunca li, mea culpa, devidamente este sr.