Alguém disse ao condutor da linha de Sintra que une as Caldas a São Pettersburgo, ó condutor de comboios, tu és um génio, porque nos levas na rota perfeita – E o condutor de comboios da linha de Sintra disse: Eu não sou um génio, sou só um conjunto de limões, vocês são guiados por um conjunto de limões que não sabe para onde vai e leva tudo consigo; Leva consigo várias carruagens e todas elas descarrila e volta a alinhar, um conjunto de limões pintado em todas as naturezas mortas do século XVIII, com limões de extrema direita e limões de extrema esquerda, um conjunto heterogéneo que usa ceroulas de todas as coras e chora na direcção do vento, se o vento vem de norte chora para sul, se o vento vem de sul chora para norte.
Alguém ejaculou por cima da natureza morta e esse sémen ficou na história da Arte europeia – Pense – Disse o condutor da linha de Sintra, com bons modos – Eu sou um espelho e um conjunto de limões em fuga e às vezes no meu comboio invoco um incubo para que lance um terramoto, e esse incubu lança o terramoto e o terramoto é de escala 7 e deita abaixo todas as bibliotecas, e o terramoto faz com que o comboio descarrile, e ao lado da linha de Sintra, corre um cavalo na direcção que lhe apetece, se lhe apetece correr para norte vai para norte, se lhe apetece cavalgar para o inferno o inferno abre-lhe as portas, então esse cavalo que às vezes bebe do Tejo e outras vezes bebe do Sado e quando quer ir para norte vai beber ao Douro, corre com medo do terramoto – O cavalo tem atrelado um arado e um carrilhão suíço que acorda as mulheres para irem extrair sal. E como a terra treme e o terramoto é muito intenso, o cavalo espalha-se pelo Alentejo e foge para um lado e depois para o outro, ao ritmo que a terra quer – E o arado deixa na terra uma sismo-gravura, ou um sismo-poema que a terra dita, em linguagem trémula ao cavalo que corre, O arado escreve – O Paraíso é igual a Paraíso + Inferno – Ou outro aforismo ridículo que só um tremor de terra poderia escrever. E vêm a chuva e apaga a frase que outrora se lia do alto.
Nuno Brito
Alguém ejaculou por cima da natureza morta e esse sémen ficou na história da Arte europeia – Pense – Disse o condutor da linha de Sintra, com bons modos – Eu sou um espelho e um conjunto de limões em fuga e às vezes no meu comboio invoco um incubo para que lance um terramoto, e esse incubu lança o terramoto e o terramoto é de escala 7 e deita abaixo todas as bibliotecas, e o terramoto faz com que o comboio descarrile, e ao lado da linha de Sintra, corre um cavalo na direcção que lhe apetece, se lhe apetece correr para norte vai para norte, se lhe apetece cavalgar para o inferno o inferno abre-lhe as portas, então esse cavalo que às vezes bebe do Tejo e outras vezes bebe do Sado e quando quer ir para norte vai beber ao Douro, corre com medo do terramoto – O cavalo tem atrelado um arado e um carrilhão suíço que acorda as mulheres para irem extrair sal. E como a terra treme e o terramoto é muito intenso, o cavalo espalha-se pelo Alentejo e foge para um lado e depois para o outro, ao ritmo que a terra quer – E o arado deixa na terra uma sismo-gravura, ou um sismo-poema que a terra dita, em linguagem trémula ao cavalo que corre, O arado escreve – O Paraíso é igual a Paraíso + Inferno – Ou outro aforismo ridículo que só um tremor de terra poderia escrever. E vêm a chuva e apaga a frase que outrora se lia do alto.
Nuno Brito
Sem comentários:
Enviar um comentário