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o mundo ab-rogação cerce ao rosto sempre
intocado e a voz que constrói
ilhas dentro do vento e da lava
(e apenas eu para te tocar as mãos -
junto do odor dos cereais)
talvez isto seja um movimento impossível - os nomes
só as mãos conhecem os frutos
os rostos construídos unanimemente
fincados na iminência sonora da água
vindos da insondável sombra dos olhos
e ao largo em quintais
a plaina rasa
das paisagens
e a mão que procura atrás dos olhos
o encantamento
das sombras
e o fio-de-prumo
circunscrevendo as macieiras em flor
e depois o pó puro quadril encetado
leito melódico como se fosse
pele púrpura carne lenta ou os nomes
a tenra raiz do leite
(ou mater)
ou a tua mão na raiz dos meus olhos
fazendo(-me)
a oclusão da linfa nos recessos, ou (ainda)
o idioma de deméter, com
o seu ventre de água
o seu pulmão de enxofre, ou o rosto
de helena
aquela que me dá a mão no dia do juízo
sob a sombra da macieira, em quintais
- e a doçura das mãos
aquela que me segreda a cor das uvas
e o tear plantado na planície entre os cardos
aquela que me faz
(um verso absolutamente a-cronológico e geográfico)
o arado deixado entre o veneno e a saliva
aquela que é (palavra)
memória decantada desde o cume da sombra
aquela que me conhece os olhos por dentro do mel, e
quartzo arterial mediado por fala fome sede e asma
aquela em que conheço
o fogo da prata por dentro da sede
aquela que me faz
o lugar para a ausência viva
para a fermentação do sangue em poços
talvez me traga a fecundidade dos quintais
(e um ou outro sonho burguês amaldiçoado
diante das fontes)
ou as mãos como
um difusor de frutos
um íman de janelas
( ou a grécia face)
a pele como um fuso solar,
ou o dínamo alpestre das hortênsias
(e toda a culpa de não ter leis a que obedecer)
aquela que me planta
por detrás da laranjeira a hermenêutica
dos anjos teares
desfiados em transtorno e maresia
talvez seja aquela que me faz
o sol negro desenhado na face regada
desde da raiz do chão
a boca sublevada -
aquela que me matura - vertical face
ao crescimento da noite
e da água dentro dos olhos
(dos mortos)
perpendiculares no meu idioma
em silos
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