Desconheço por onde as palavras me levam
talvez pela escuridão dos açougueiros
estas palavras delidas como as carnes
corrompidas nas bancas do mercado velho
quero desfeiteá-las uma a uma arrancar-lhes
esperanças sonhadas embebê-las em venenos
sentidos da noite onde a sua matéria se inventa
despedaço entre os dedos uma jaca madura
na garganta o vinho da palma alivia-me
de uma aspereza antiga digo
por onde me levam as palavras
entre carreiros de dejectos
procuro a foz.
- Carlos Alberto Machado
in Registo Civil, Assírio & Alvim
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