sábado, fevereiro 20, 2010

Amor e caracóis

Um dia que queiras
chamas-me e despedimo-nos um pouquinho
partilhamos o portal e fazemo-nos
um nó na garganta,
um desses nós que te deixam sem fala
dos que enchem o corpo de sextas-feiras e caracóis,
ou se preferes partilhamos um segredo
e a paixão por Nicarágua,
o mistério das 39 rosas roxas
e essa cor que a tristeza nunca teve.
Um dia que queiras
atas-me à cama e despedimo-nos
do poeticamente correcto
e em vez de escrever versos tatuamos um delírio
ou deixamos o tempo passar
e rebentamos de utopia
este momento de carne, suor e risos.
Um dia que queiras
enquanto alguém tenta explicar este poema
casamo-nos com a vida e enganamos o mundo
como o mundo engana o homem
e o homem os caracóis.

- Uberto Stabile
(tradução de Rui Costa)
in Só mais uma vez, Livro do dia

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