sexta-feira, fevereiro 26, 2010

Adormeceste para fugir ao passado e tive vontade de te morder a boca
inebriar-me com o seu sabor a laranjas da toscânia onde passeámos
em sonhos que foram meus e que tomaste emprestados certas noites
num quarto de hotel fechado por cortinas desbotadas pelo sol
adormeci e sonhei que tudo isto se passou exactamente assim
e acrescentei-lhe campos de madressilvas e becos sem saída
e luzes amarelas que faziam tudo parecer dolorosamente verdadeiro
como o sangue a escorrer de forma acidental do teu polegar direito
a única coisa no poema que verdadeiramente dói.

- Carlos Alberto Machado
in Registo Civil, Assírio & Alvim

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