terça-feira, janeiro 26, 2010

Spritz*

A noite tem a veia inchada e a cara múltipla e acesa
que tudo guarda – a noite não trabalha os seus textos e é a realizadora
mais perversa, tem as suas próprias leias e viola as suas próprias leias,
feitas de fio grosso de ovelha com que coze a mini-saia vermelha, A noite não usa metáfora
e varre com a sua enchada todos os que a usam, faz curtas metragens que não regista, porque não é preciso registar que aquele não pagou e ficou no
fundo do rio com a barriga inchada; a noite apagou essas provas e organiza festas no Lusitano, é travesti que entra em todos os bares e pede um Spritz, perguntei o caminho para a biblioteca a vários gatos negros, todos me indicaram o caminho ou a perca, com a sua voz que parecia de Gente


As suas leis são parecidas às do voleibol com bola em chamas ou aos mais complexos jogos de Azar,

*

Toca Óscar Petterson e Carlos Parede com os seus dedos escuros e Acende-os, é apenas um cartógrafo com coragem, que traçou vários equadores no seu próprio peito para que não
Dormisse nunca e tornasse
qualquer registo fútil
A noite disse:

Tu usas a metáfora meu filho!


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Frita com areai fina
em vez de pão ralado
tatua em agulha fina, os braços magros do injectado
e as bordas dos sonhos dos que dormem Muitos na Estação Termini

A noite não permite o poema social, veste o seu soutien de estrelas ou areia Fina
Entra na Brodway – Kadoc – Na ourivesaria para roubar,
Viola as prostitutas que não aparecem no dia seguinte na Estrada Nacional,
Em que século foi? O crime da Gucci? Onde comprou esse gorro?

A noite é a fingir

Nuno Brito

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