4 estrelas
CRIATURA Nº4
Núcleo Autónomo Calíope, 2009, 168 págs., €7
Esta revista volta a confrontar-nos com um original elenco poético.Graficamente, o negrume esbateu-se, embora a “Criatura” continue a manifestar o desejo de ser um “grito sem voz”, algures “entre a loucura e a beleza”. Mas o que sobressai, neste quarto número da revista, é a reunião feliz de poetas pertencentes a timbres e gerações muito diferentes. Há autores que aqui nos surgem inesperadamente ‘reabilitados’, com poemas bastante superiores aos que anteriormente tinham publicado em livro – casos de Luís Pedroso ou Ana Salomé. Mais sóbria, a escrita de Maria Sousaé outra agradável presença. São menos aliciantes Nuno Brito, autor até agora de um inquieto mas desigual livro de poemas, e José Carlos Barros, de quem era legítimo esperar melhor. Luís Filipe Parrado, quando não resvala para um lirismo inóquo, revela-se de uma grande e singular mestria. Outros nomes a reter são, certamente, os do quase sempre invisível Miguel Martins (que colabora com dois magníficos e ‘desalinhados’ poemas), de Rui Caeiro e de Rui Miguel Ribeiro. É de salientar, ainda, a cada vez mais nítida veemência dos discursos de David Teles Pereira e Diogo Vaz Pinto. Dir-se-ia, em ambos os casos, que passou a haver uma voz própria, capaz, respectivamente, de vencer o risco do poema curto e do poema longo. Veja-se do primeiro, ‘Reciclagem para C.’: “O deus do Eugénio/ é muito mais verde/ quando lido pelos teus olhos.” E, do segundo, o excelente ‘A Carne Agarrada aos Ossos’ e a aguda consciência desse “desgosto geracional” que “lixou já/ poemas mais que suficientes”. Este ‘desgosto’ prolonga-se, de algum modo, na escolha de poetas traduzidos: Déborah Vukusic (passível de nos lembrar Adília Lopes), Jesús Jiménez Domínguez e os exercícios por vezes fúteis da sobrevalorizada Elena Medel. Dito isto, parece-me evidente estarmos perante um núcleo editorial/poético que reivindica “uma arte que se deixe/ de arrotos místicos”. E, pelo menos nesse aspecto, a batalha está mais do que ganha.- Manuel de Freitas
segunda-feira, dezembro 28, 2009
Actual, 24 de Dezembro de 2009 (Expresso)
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criatura
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2 comentários:
Entonces, ¿ya salió publicada la revista? Aún no la he visto.
Un saludo.
a revista ganharia se trouxessem novidades válidas a cada número. concordo com o freitas qd fala das poetisas espanholas. se nós cá temos algumas boas poetisas, para quê ir buscar as espanholas? porque nao apresentar gente nova?
a revista começou bem, mas é necessário ir alimentando bem o bicho, com coisas atractivas. este número está um pouco desequilibrado. desculpem a sinceridade.
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