No meio da indiferenciação e do horror dos milhões de mortos da Segunda Guerra Mundial que o historiador vai apresentando sistematicamente surge, de súbito, um nome, uma pessoa, uma vida. Na página 430 lê-se:
"Em Leninegrado, os mortos de fome, embora já não tão numerosos como em Abril, eram ainda vários milhares por dia. Foi no dia 13 que Tania Savicheva, uma rapariguinha que passara o cerco na cidade, registou no seu bloco de moradas, na letra M: "Mamã, 13 de Maio, 7.30 da manhã, 1942. Os Savichev morreram. Todos. Só ficou a Tania." Outras páginas marcadas por letras revelavam: "Zheny, morreu a 28 de Dezembro"; "Avozinha, morreu a 25 de Janeiro"; "Leka, morreu a 17 de Março", "Tio Vasya, morrreu a 13 de Abril", e "Tio Lyosha, morreu a 10 de Maio."
Evacuada para Gorki, a própria Tania morreria de disenteria crónica no Verão de 1943."(1)
À página 430 segue-se, sem dúvida, a página 431. E parece tão simples continuar a leitura.
(1) Martin Gilbert, A Segunda Guerra Mundial, D. Quixote, 2ª edição, Lisboa, 2009.
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