Também eu sou sal da terra.
Não o sal que corrompe,
mas sim o que preserva, perpetua a vida.
Também eu trago acomodada
em algum lugar de mim
- como a bala que se foi alojar
num desvão melindroso do corpo
e seria arriscado extrair
e ali fica a pesar -
a vocação de estrume
com que já nasci armadilhado.
(in As têmporas da cinza, Cotovia, Lisboa, 2008, p. 53).
Sem comentários:
Enviar um comentário