Preferia ir ao colombo, comprar roupas, ver as montras,
enrolar-me no cheiro dos corpos que se trocam
na esquina municipal, esquecer-me por dentro
da carne e do modo como se transforma
em luz. Ou talvez andar de moto
na perigosa margem litoral,
encontrar-me de noite com a terra
e ter o nome a sério no diário
por um crime incomum, uma invenção moderna; tudo
menos o jogo vago das palavras
cruzadas, com gavetas de ficheiros;
a alma interrogada, o corpo aberto
para medir os vírus e as plaquetas,
e a cabeça torcida para a frente, pra caber
e as costas inclinadas que escorregam
no rebordo da gaiola.
- António Franco Alexandre
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