- Estou cansada.
- Eu também.
- De quê?
- De mim, de ti, dos outros, de tudo.
- Eu também. Mas...
- Mas o quê?
- No entanto, é um cansaço de falta e não de excesso.
- Talvez.
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A partir de agora, todo o poema que fale de amor, fora.
Todo o poema que não revolucione, fora.
Todo o poema que não ensine, fora.
Todo o poema que não salve vidas, fora.
Todo o poema que não se sobreviva, fora.
Vou deixar um anúncio no jornal:
Procura-se poeta. Trespasso-me.
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Um dia sopraremos os dias
para onde o tempo nos levar.
Reencontrar-nos-emos à hora
do mar não ter desistido de nós.
Os peixes cintilarão nos poemas
boiando pela adolescência.
Ao pequeno-almoço ser-nos-ão servidos
ovos escalfados numa pensão de estrada.
Olhando-nos, todos pensarão
que nascemos para isto.- Ana Salomé
sexta-feira, outubro 09, 2009
Separador:
poesia de fora
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