segunda-feira, outubro 12, 2009

João Miguel Fernandes Jorge


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Entre a maneira de cair
a rosa e a maré de amanhã
recordas
as pedras e o ruído do tempo?

Entre a aventura e o verbo
ouve o meu nome veloz.

O espaço que prometias
faz a luz, atinge
a face antiga das mãos
onde parecia o destino.

O tempo é qualquer coisa
que tem a ver com água
com deus demasiado largo
explodindo.




Esmaga a neve esquecida
das mãos à alegria.

A noite cai sobre os olhos e não
chega para ninguém. As palavras levamo-las,
pequeno livro aberto sob os dedos frios,
como se alguém concordasse em as roubar.
As palavras ou a neve
quando o fim a inclina.

Elas, a nossa idade,
a frase distraída,
os lábios nós próprios, o
equilíbrio, ah! e o rosto,
o rosto encostado tanto à noite.




Neste forte de Espanha as estações
não abandonaram as margens,
as searas, as oliveiras, a flor.

As mãos tratam do alimento,
oscilação ou equilíbrio do corpo
talvez maior do que para ele este
lugar. As coisas próximas dos vivos
o sol limita.

Eu desço, procuro a mão que prolongue
as margens da ribeira.
Resta o que escrevi.




Creio que gastaste um pouco mais de tempo
que o devido, talvez não carecesses de mais nada,
de um pouco de justiça, um pouco da cidade em
que se vive. Tens a maior vantagem
em usar as mãos, mesmo pequenas que sejam
será como quem está sozinho e usa testemunhas
perante a natureza de deus.

Creio que adormeceste, que encostaste a fronte
ao verão, à punição que o submerge,
à violenta maresia.

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