domingo, outubro 11, 2009

dos dias antes de morrer
lavrou o campo
com o velho arado.

o meu pai via do escritório
passar os funerais
a caminho do cemitério da cidade.

havia nessas figuras austeras
algo de semelhante
a um outono de alma,
negro e cruel.

passados anos,
eu pensava como aquele pintor
diante dos caixões de pinho
levados aos ombros:

é assim que o meu país me quer.

- Carlos Saraiva Pinto
in Escrever foi um engano, O correio dos navios

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