Aonde vais chega o outono e anoitece,
Veado azul que sob árvores se ouve,
Lago solitário ao anoitecer.
Leve se ouve o voo dos pássaros,
A melancolia sobre os arcos dos teus olhos.
Ouve-se o teu sorriso breve.
Deus arqueou-te as pálpebras.
Estrelas buscam de noite, filha de Sexta-Feira de Paixão,
O arco da tua fronte.
PROXIMIDADE DA MORTE
Oh, a noite a entrar nas sombrias aldeias da infância!
O lago sob os salgueiros
Enche-se com os suspiros empestados de melancolia.
Oh, a floresta, baixando os olhos castanhos,
Quando das mãos ossudas do solitário
Desce a púrpura dos seus dias extasiados.
Oh, a proximidade da Morte. Rezemos.
Nesta noite, amarelecidos de incenso,
Soltam-se sobre os mornos coxins os membros delicados dos amantes.
AMEN
Corpo decomposto deslizando pelo quarto podre;
Sombras no papel amarelo das paredes; em espelhos escuros sobe em abóbada
A tristeza de marfim das nossas mãos.
Pérolas castanhas escorrem por entre os dedos sem vida.
No silêncio
Abrem-se os olhos azuis de papoila de um anjo.
Azul é também o entardecer;
A hora da nossa agonia, a sombra de Azrael
Que escurece um jardinzinho castanho.
- Georg Trakl
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