sábado, setembro 12, 2009

O Poeta das nuvens e do mar dorme em mim!
E no mamilo do temporal os seus lábios sombrios
e a sua alma sempre com o pontapé do mar
por sobre os pés do monte!
Desarreiga carvalhos e duro desce, o vento da Trácia.
Pequenos barcos dão a volta ao cabo
e de repente voltam-se e afundam-se.
E logo conseguem chegar lá ao cimo às nuvens
do outro lado da fundura marinha.
As algas coladas às âncoras
barbas de santos entristecidos.
Formosos raios rodeando a face
fazem vibrar o halo do mar.
Os velhos em jejum viram os olhos vazios para lá
e as mulheres vestem a sua sombra negra
na cal imaculada.
Junto com eles, movo a mão,
Poeta das nuvens e do mar!
Na humilde lata de tinta mergulho
o pincel junto com eles e pinto:
Os novos estaleiros
os ícones dourados e negros
Ajudai-nos e protegei-nos, São Kanáris!
Ajudai-nos e protegei-nos, São Miaúlis!
Ajudai-nos e protegei-nos, Santa Mantó!

- Odysséas Elytis

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