sábado, setembro 26, 2009

É uma estória pequena e triste dessas que quase já ninguém conta, mas aconteceu ali para os lados de Tomar. Um gajo com vinte e poucos mas desses sem sentido nenhum, conheceu uma miúda, mais nova ainda, mas com família. Gente séria a olhar por ela, falando-lhe na importância de construir um futuro, uma coisa em grande. Mas ainda foram a tempo de se conhecerem.
O pai só a deixava vir cá fora e perder uns dez minutos enquanto deixava o lixo, isto antes do velho desatar aos berros, e era só essa a janela de oportunidade deles. Depois ela estudava e fazia tudo como deve ser, já ele não tinha grande educação, trabalhava na construção e vivia nuns arrabaldes a uma hora dali, isto apesar da motorizada vir a acelerar o mais que podia pelos caminhos de cabras, ainda assim duas horas, depois de outras tantas lá nas obras, a acartar com merdas pesadas... Uma hora para ir mais outra para voltar, tudo isso por dez minutos com ela, durante dois anos, dois anos. E foram dois anos porque ela enfim cresceu, ganhou juízo (diz-se que sim), casou com um gajo desses com futuro e um carro que até parecia bem, parado à porta da casa dela. E casou-se com esse, deu-lhe filhos e o resto.
Os encontros com o outro, nas traseiras junto aos caixotes, hão-de ter ficado junto a outras recordações adolescentes, parvoíces dessas de quando éramos novos.

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