agita-se sobre os bastidores
deste texto
leio:
“quem passa o cabo Maleia abandona a pátria”
na esplanada do Príncipe Real a copa
oferece uma folha à mesa onde reúno ruína e Agosto
reorganizo a rota o plano de voos
belas são as rosas deste mês quente nas bermas
em todos os quintais das casas
na estrada para Góis
sobrevivem ao tráfego violento
dos motards
vejo-as excessivas junto ao lago do Jardim da Estrela
quando corro para o eléctrico que tardará como tu
nesta holocénica época da minha espera
dentro da noite
tomo nota de dispersas canções em guardanapos
palavras estrangeiras o comércio dos olhares
a água doce dos gestos o latido de um cão
Lisboa caminha em geral para o Oriente Próximo
do Outono
na mesa atrás alguém nomeia os sábios do Séc. XVI
esses que considerariam escandaloso o erotismo sonoro
da palavra Macintosh
leio hora a hora o desenho dos polígrafos
meço marés com o rigor nefelibata dos amantes
espalho na superfície interior dos lugares
barómetros, barógrafos, anemómetros
insisto em espiar o gelo da Antárctida
mas a vida segue o seu ciclo desmedido
na completa ignorância deste poema
- Miguel-Manso
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