sábado, agosto 01, 2009

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folhas amarrotadas uma mancha
de tinta alastrando sobre a mesa
a mão que pende da cadeira
enquanto indolentes entramos
pelo cinzento da tarde
um raio de sol dança-te na cabelo
há dias assim
nada acontece

apenas tu me chegas à memória
cheio de dúvidas percorrendo
leis que regem um idioma estranho
que tu e eu jamais falaremos
por sobre as mesas estavam os primeiros
papéis dos tempos em que comecei a ouvir falar
o idioma estranho dos gregos
e aprendi a forma como eles diziam o mar
o mar percorríamos os cafés da baixa
e pela primeira vez ouvíamos falar
da forma como a luz pode
percorrer a sombra
quanto nos corpos há de incêndio e cinza

era um nome com ventos e marés
o lugar de onde deste
os primeiros passos que cindem
a tinta ferida com que às vezes me escreves
penso – sem certezas
se terá deixado alguma margem para dúvidas

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