POEMA
à memória de Jean Nicot que trouxe
tabaco para França no século dezasseis
só para eu amenizar a espera
no Le Carillon à esquina da Rue Bichat
com a Alibert
onde Véronique não entrará este século
QUATRO CIGARROS NO CAFÉ DES ANGES
de resto
cai cedo a noite na
Rue de la Roquette
a um domingo
o leitor afastará o fumo
destes versos e atentará
apenas na morena
de gorro vermelho
junto à janela
PROSCÉNIO
o poema é antes de tudo
um palco para gestos simples
eu rego as flores de Junho
POEMETO
o paradoxo de fermi
a hipótese da terra rara
o poeta trabalha com o que tem
um muro com hortênsias
ao fim da tarde um punhado de
estrelas sobre a baía
ainda assim
a poesia é aquilo que neste
desalinho todo se apresenta
tão exacto como a morte
- Miguel-Manso
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