segunda-feira, julho 06, 2009



POEMA

à memória de Jean Nicot que trouxe
tabaco para França no século dezasseis

só para eu amenizar a espera
no Le Carillon à esquina da Rue Bichat
com a Alibert

onde Véronique não entrará este século



QUATRO CIGARROS NO CAFÉ DES ANGES

de resto
cai cedo a noite na
Rue de la Roquette
a um domingo

o leitor afastará o fumo
destes versos e atentará
apenas na morena
de gorro vermelho

junto à janela



PROSCÉNIO

o poema é antes de tudo
um palco para gestos simples
eu rego as flores de Junho



POEMETO

o paradoxo de fermi
a hipótese da terra rara
o poeta trabalha com o que tem

um muro com hortênsias
ao fim da tarde um punhado de
estrelas sobre a baía

ainda assim
a poesia é aquilo que neste
desalinho todo se apresenta

tão exacto como a morte

- Miguel-Manso

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