domingo, junho 21, 2009

"Já é tempo de acabarmos com estas divagações."

Sete e meia: também a praça
tem as suas horas mortas.
Alguns trocam de esplanada

pelos bancos do jardim -
aí se sentam ao frio, graves
como sentinelas, não se sabe

o que vigiam. Terão chegado
mais jovens à solidão derradeira?
Ou são apenas o espelho

da tristeza de quem passa
e se interroga? Os do costume,
entretanto, até bebiam

mais uma, catam dos bolsos
moedas, pedacinhos de cotão.
Mas está na hora, senhores,

que o dia pesa no corpo
e o rapaz que serve às mesas
já pôs o lixo na rua. Meus amigos,

faz-se escuro: adeus, adeus.

- Rui Pires Cabral
Oráculos de cabeceira, Averno

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