(...) a poesia interessa-me principalmente como fenómeno vivo, participante. Por isso me agradam tanto as antologias de novíssimos. Não poucas pessoas me têm desaconselhado de tais caminhos, que ninguém sabe quem fica ou não fica, o que o tempo há-de roer ou conservar, e, além do mais, que as minhas iniciativas lesam os interesses legítimos (?) dos establishements literários. Mas eu tenho muitos anos de experiência de um país anglo-saxónico, onde normalmente se julga primeiro a obra e só depois o autor, ou nem então. Um poema vale por si e pronto. Segundo este critério - o único, a meu ver, que pode pôr a poesia e os poetas a salvo do bandoleirismo cultural e das tão frequente chantagens extra e inter literárias e que pode se não derrubar ao menos neutralizar as muralhas-da-china dos grupos e capelas literárias de mentalidade e atitudes totalitárias - ainda que um poeta escreva só vinte poemas e seja empregado bancário ou cozinheiro o resto da vida, o que há para julgar são esses 20 poemas e não uma 'carreira' tantas vezes feita sobre compadrios.- Manuel de Seabra
no prefácio à antologia da novíssima poesia catalã
quarta-feira, maio 27, 2009
Fenómeno vivo
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1 comentário:
Uma bela verdade. Já o dizia o Nandinho.
abraço!
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