para a Inês
Pergunto-me, sem razão,
que diferença existe
entre ausência e voz
– um lamento que não previa.
Ou não já. Não assim, pelo menos.
Só me lembro que dançávamos
(é a minha única definição
de felicidade) e que não voltaremos
a dançar. Assim.
Os táxis, no Conde Barão, fingiam não ver
– mas olhavam todos o moído
esplendor do baile, o vestido negro
que inutilmente te cingia.
Despediam-se, como nós, na
ressaca de um tempo ingrato
no fulgor da última manhã.
Não ligues ao tchoro, à voz soterrada
por tão ásperos carris. Não ligues
– coração e deserto rimam
numa língua que desconhecemos.
- Manuel de Freitas
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