Qualquer banda deve ser julgada pelos seus melhores álbuns, se não mesmo pelas suas melhores músicas. É um exercício de humildade – não dos artistas, mas sim dos críticos – absolutamente necessário para transmitir o êxtase que um par de minutos de música nos pode causar. Com um álbum é um pouco diferente. Não se julga a banda mas sim um momento da banda, uma afirmação muito própria, uma pequena história que só faz sentido se contada do princípio ao fim.Começo pelo fim: Merriweather Post Pavilion não é só o melhor álbum de Animal Collective, é também um álbum perfeito que leva a música para lá duma fronteira que muito poucos cruzaram. Juntamente com Animal Collective, talvez só Radiohead – com OK Computer e Kid-A – e Neutral Milk Hotel – com In the Aeroplane Over the Sea – o tenham feito, pelo menos na pop. Essa fronteira é aquela para lá da qual a arte toca numa linguagem que fala como se visse o que não se pode ver, neste caso, como se ouvisse aquilo que não se pode ouvir.
Agora o início: Os Animal Collective são estudantes da música que os precedeu como T. S. Eliot foi relativamente à poesia que o precedeu. E são, também, um notável esforço de síntese, um som impecavelmente exigente e complexo. Mesmo assim, este álbum é dos mais pop da banda, é, pelo menos, tão fácil de ouvir quanto o Strawberry Jam, provando que não é por se estar nos limiares daquilo que alguém, enquanto artista, pode conseguir, que se vai falar numa linguagem inalcançável. Sendo difícil, com Merriweather Post Pavilion dá para perceber onde é que eles querem ir. Nunca ao longo deste álbum a música é entendida como um exercício de redução da arte a um universo microscópico onde apenas uns poucos parecem ver e os demais acreditam nos que vêem.
Por último, o meio: um álbum não deve ser julgado só pelas suas melhores músicas. Isto não é o mesmo que dizer que um álbum não deve ser louvado pelas suas melhores músicas. My Girls, Brothersport, Summertime Clothes e Bluish são essas músicas, são a coluna vertebral do álbum e a verdadeira história que ele tem para nos contar. Depois há as vírgulas, os parênteses e os pontos finais.
Este álbum tem nota 10 porque as melhores músicas são perfeitas e porque as músicas que as ligam são perfeitas no seu papel. E, também, porque as vozes de Avey Tare (David Portner) e Panda Bear (Noah Lennox) nunca soaram tão bem juntas e porque a escolha e combinação de samples é fantástica. Parafraseando uma das músicas do álbum: “Some kind of magic in the way you're lying there”.
Nota: 10
Agora o início: Os Animal Collective são estudantes da música que os precedeu como T. S. Eliot foi relativamente à poesia que o precedeu. E são, também, um notável esforço de síntese, um som impecavelmente exigente e complexo. Mesmo assim, este álbum é dos mais pop da banda, é, pelo menos, tão fácil de ouvir quanto o Strawberry Jam, provando que não é por se estar nos limiares daquilo que alguém, enquanto artista, pode conseguir, que se vai falar numa linguagem inalcançável. Sendo difícil, com Merriweather Post Pavilion dá para perceber onde é que eles querem ir. Nunca ao longo deste álbum a música é entendida como um exercício de redução da arte a um universo microscópico onde apenas uns poucos parecem ver e os demais acreditam nos que vêem.
Por último, o meio: um álbum não deve ser julgado só pelas suas melhores músicas. Isto não é o mesmo que dizer que um álbum não deve ser louvado pelas suas melhores músicas. My Girls, Brothersport, Summertime Clothes e Bluish são essas músicas, são a coluna vertebral do álbum e a verdadeira história que ele tem para nos contar. Depois há as vírgulas, os parênteses e os pontos finais.
Este álbum tem nota 10 porque as melhores músicas são perfeitas e porque as músicas que as ligam são perfeitas no seu papel. E, também, porque as vozes de Avey Tare (David Portner) e Panda Bear (Noah Lennox) nunca soaram tão bem juntas e porque a escolha e combinação de samples é fantástica. Parafraseando uma das músicas do álbum: “Some kind of magic in the way you're lying there”.
Nota: 10
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