as mãos fazem e desfazem o som ou a fúria
e também o desenho do corpo
recortado contra o poente vermelho
enrolo mais estes versos antes do veneno
palavras para quê
a mão é sempre esquerda e sempre cega
e nunca chega para apagar a luz que resta
antes de o galo cantar
terei devastado talvez cada canto do corpo
à procura da última moeda aquela que vem
e apaga a palavra e esgotará o sopro do vento
até à próxima paragem. cardíaca porque sabemos que
de alguma coisa é preciso morrer
para apagar o pecado de ter vivido.
tanto em tão pouco espaço. pois
já nascemos com todo um programa
de expiação e culpa
nem é certo que te tenha divertido
se alguma destas palavras te faz o coração pesado
eu conheço um comprimido que pode apagar o som
que escava uma terra onde não se esgota a fúria
só a noite não acaba no ponto da desculpa
as nossas palavras não são já daquelas que acendem luzes
essa é a crença de um velho poeta de quinze ou dezasseis aninhos
um poeta um pouco mais velho e mais cínico
acaba a fazer versos de puro nada
mas sabendo como eles caem
as nosssas são as palavras desertas
mas depois ainda terei estacado
alinhado cada palavra no sentido das veias
e ficado a ouvir atentamente
o que resta de melancolia
o último gesto prefigurada da fúria o som
hoje de manhã também o tinha procurado
em todos os cantos a melancolia
nunca sei se se parece com um poente
ou com um cardiógrafo
alguma coisa nos roubou à juventude
para sempre irretrievably
hoje ao som do corpo arco
dedicaste-te às últimas palavras
era preciso uma epifânia para selar
uma predilecção de carne sobre uma epígrafe
construída sobre a catástrofe possível e a catarse possível
já não é preciso escrever o coração
a verdade é que não há palavra que nos esconda som
que nos albergue as sombras enquanto disfarçamos o frio
que cai sobre nós por
os nossos sonhos não chegarem a durar anos
a culpa é nossa não deles
a minha canção nasce e morre no escuro de oriente a ocidente
e o meu sangue corre lá dentro seguindo o mapa do poente
eu não sou aquele homem que deixou a mullher
no inferno por um gesto
e seguiu a cantá-la até à abjecção
é pelo escuro que te deixo o sangue
este é o meu penúltimo poema sem asas
é doloroso saber agora
a máquina pára sempre onde o corpo não voa
como disse não há já palavra que nos salve
que nos esconda
nós que já estamos além das palavras
soube intimamente que bastavam duas ou três
palavras para albergar a salvação possível
não a redenção isso é a fúria
este foi talvez o último poente odiado na janela
antes do salto guardado contra o poente vermelho
o som que cansa a tempestade
e também o desenho do corpo
recortado contra o poente vermelho
enrolo mais estes versos antes do veneno
palavras para quê
a mão é sempre esquerda e sempre cega
e nunca chega para apagar a luz que resta
antes de o galo cantar
terei devastado talvez cada canto do corpo
à procura da última moeda aquela que vem
e apaga a palavra e esgotará o sopro do vento
até à próxima paragem. cardíaca porque sabemos que
de alguma coisa é preciso morrer
para apagar o pecado de ter vivido.
tanto em tão pouco espaço. pois
já nascemos com todo um programa
de expiação e culpa
nem é certo que te tenha divertido
se alguma destas palavras te faz o coração pesado
eu conheço um comprimido que pode apagar o som
que escava uma terra onde não se esgota a fúria
só a noite não acaba no ponto da desculpa
as nossas palavras não são já daquelas que acendem luzes
essa é a crença de um velho poeta de quinze ou dezasseis aninhos
um poeta um pouco mais velho e mais cínico
acaba a fazer versos de puro nada
mas sabendo como eles caem
as nosssas são as palavras desertas
mas depois ainda terei estacado
alinhado cada palavra no sentido das veias
e ficado a ouvir atentamente
o que resta de melancolia
o último gesto prefigurada da fúria o som
hoje de manhã também o tinha procurado
em todos os cantos a melancolia
nunca sei se se parece com um poente
ou com um cardiógrafo
alguma coisa nos roubou à juventude
para sempre irretrievably
hoje ao som do corpo arco
dedicaste-te às últimas palavras
era preciso uma epifânia para selar
uma predilecção de carne sobre uma epígrafe
construída sobre a catástrofe possível e a catarse possível
já não é preciso escrever o coração
a verdade é que não há palavra que nos esconda som
que nos albergue as sombras enquanto disfarçamos o frio
que cai sobre nós por
os nossos sonhos não chegarem a durar anos
a culpa é nossa não deles
a minha canção nasce e morre no escuro de oriente a ocidente
e o meu sangue corre lá dentro seguindo o mapa do poente
eu não sou aquele homem que deixou a mullher
no inferno por um gesto
e seguiu a cantá-la até à abjecção
é pelo escuro que te deixo o sangue
este é o meu penúltimo poema sem asas
é doloroso saber agora
a máquina pára sempre onde o corpo não voa
como disse não há já palavra que nos salve
que nos esconda
nós que já estamos além das palavras
soube intimamente que bastavam duas ou três
palavras para albergar a salvação possível
não a redenção isso é a fúria
este foi talvez o último poente odiado na janela
antes do salto guardado contra o poente vermelho
o som que cansa a tempestade
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