domingo, novembro 23, 2008

Regresso

não vim à procura de nada
nem de saudades que não tenho
nem de carga do tempo perdido
nem de conflitos sobrenaturais
do tempo e do espaço

amei desde criança
certas coisas que não choro
fui a pureza deslumbrada que não volta jamais
o vidro sem ranhura que o sol atravessa
a pureza
que me deixou feridas imortais

vim para ver
para ver de novo
para contemplar sem perguntas
não vim à procura de nada
não me perguntem por nada
um rio não se interroga
o vento não se arrepende.

- Alberto de Lacerda

1 comentário:

mar disse...

este poema é muito bom, ecoa.
gosto sobretudo das três estrofes, cheias de ladeiras diferentes, baldios desertos por onde podemos correr, sítios em tempos e espaços ausentes.
alberto de lacerda é uma porta entreaberta.


um beijo
deste
mar.