segunda-feira, outubro 27, 2008

Cântico Maior, Parte Primeira (atribuído a Salomão)

Negasses-me o incenso da tua pele as tuas rajadas Elevação
superior à morte.
Através do mar que em teus seios nasce Mar onde eu afogado
Sempre te amei.
Faz-se um cometa entre os teus dedos e a corrente impede-me
de avançar Fiquemos tristes, fiquemos
presos nas tuas rajadas Elevação
eu fantasma que sempre te amou.

Ruiva e eterna escrava do Sinai de olhos
vazios como um diamante comprado na Pelikaanstraat.

Observa-me altíssima que rubros são teus filhos
do metal nascidos
contra o sangue que me corre nas veias revoltados
nunca escolhidos.
Tu aquela que sugou o meu astro, dá-me de beber
o que carregas na boca
por baixo da língua. Porque hei-de ser a expiação
o anjo caído no centro da terra onde se respiram as areias?
Sei que tens mau sangue ó mais dispendiosa das mulheres
não esperes por mim
perto dos rebanhos que enquadras como a morte
como o teu ciclo de sangue.
Tu demónio que puxa o carro do Portador como
demónio nascido dentro de mim te invoco.
Embelezam os teus dotes o fogo e o grifo que te adorna
como um rastro de medo.
Sangue real é servido em tua honra e as estrelas
rematam a minha derrota.
Quando a corrente desatar de nardo se vai adornar
o leito da tua brancura judaica.
Entre os meus dedos o sangue a linfa o vinho
e eu que sempre te amei não terei descanso.
Eu que sempre te amei hei-de semear a tempestade
e os pássaros de asas negras obedecerão a LYL.
Ó meu inimigo assumido em silêncio suave é o toque
desta espécie de morte.
Vigia o meu templo sem paredes chamado Devoção.

(versão de David Teles Pereira)

2 comentários:

Anónimo disse...

ABSOLUTAMENTE PERFEITO!!!

Artur Corvelo disse...

isto é outro campeonato (só para falar em termos eruditos e não desorientar ninguém)