sábado, abril 26, 2008

Para a puta que levou os meus poemas

há quem diga que devemos manter sentimentos de remorso
fora dos poemas,
ficarmo-nos pelo abstracto, o que até faz bastante sentido,
mas meu Deus;
doze poemas perdidos e eu não guardo os rascunhos e tu
tens também
as minhas pinturas, as melhores delas; é sufocante:
estás a tentar deixar-me destruido como os outros todos?
porque é que não levaste antes o dinheiro? normalmente é o que sacam
das calças dos bêbados adormecidos e arruinados a um canto.
da próxima vez leva o meu braço esquerdo ou uma de cinquenta
mas os meus poemas não:
Eu não sou o Shakespeare
um dia simplesmente
já não haverá mais, abstractos ou dos outros;
o que haverá sempre é dinheiro e putas e bêbados
até o cair da última das bombas,
mas como disse Deus,
cruzando as pernas,
Eu vejo que criei um monte de poetas
o que não deixei tanto
foi poesia.

- Charles Bukowski
(tradução para o António)

3 comentários:

Artur Corvelo disse...

a tradução está bonitinha, mas não precisava dela :o

Diogo Vaz Pinto disse...

lol

ingrato do puto

Artur Corvelo disse...

desculpa, papá