Lembras-te da passagem dos jasmins? Foste a primeira
que parou com aquele perfume e me disse uma dessas coisas
que não se perguntam. Agora é como se de todas as vezes
regressasse a casa por um caminho diferente.
Tenho pena que não percebas que mesmo estrangeira
e muitas vezes triste como te escrevo nunca tive outra musa,
já que nenhuma outra fingia tão bem não acreditar no amor
para se esconder do mundo e sonhar com um lugar
onde talvez ele comece a ser possível.
Leste entre esta e as tuas outras primaveras
mais livros do que eu vou ler em toda a minha vida
e é fácil suspeitar, quando me olhas como se eu fosse um homem,
que sabes coisas que eu não tenho como descobrir.
Qualquer elogio meu foi falso, agora que comparo as coisas
que tive que dizer com o silêncio que me deixas acomodar
entre nós. Às vezes depois de algumas horas calado
dou por mim a querer ser sincero, mas não é preciso abrir a boca,
dou-te um beijo e é bom saber que não me pedirás mais nada.
1 comentário:
Ou andamos todos muito distraídos, ou aqui há poesia de primeira água (ou as duas coisas). Por mim, e isso não acrescenta muito à história, claro, já tenho dificuldades de passar pela net sem ver que poema hoje (como quem diz) nos traz o Diogo. Da melhor poesia que por aí (aqui)se anda fazendo -- dizê-lo não mais parece que óbvio. Mas o óbvio, às vezes, é preciso dizê-lo e repeti-lo. «Lembras-te da passagem dos jasmins?» Quem pode não lembrar-se?
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