Uma criatura feita de escuro apanhado por mãos
sem meio de se esconderem por entre outros gestos, mãos que
praticam a arte do nascimento às escondidas dos deuses
a colagem das cinzas, de detalhes desapercebidos e
sentimentos extraviados ou recuperados à exaustão
através de processos químicos para incensar
o aroma de uma espécie suja de liberdade
um enegrecimento que torna tudo tão
natural como a loucura violenta de uma intimidade
- aquela intimidade
incapaz de se comprometer com a educação dos gestos
pela parte que lhes toca uma vida submetida a prensas -
é sempre o acto displicente com que se deita ao lixo
muito do que os homens têm de melhor
que permite que surjam, por entre as sombras
e o eco próprio da estação das chuvas, figuras destas
desenhadas para segurarem os limites da nossa imaginação.
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