quinta-feira, janeiro 10, 2008


Somos folhas breves onde dormem
aves de sombra e solidão.

Eugénio de Andrade


Ao longo da nossa curta existência uma coisa nos é garantida: companhia. Sim, a companhia do passado, de uma história sobre um grande amor, do vazio que alguém deixou. Variáveis amizades com ninguém ou coisa nenhuma. É o que nos espera como suplentes para quando há que substituir pessoas e emoções, porque estes sempre terão que partir algum dia.
Por vezes não é preciso chegar tão longe: sente-se muitas vezes um abandono no meio da multidão. Outras vezes, um sentimento deixa apenas uma mancha escura na alma para se esconder antes de se ir. E fica isto: um abandono, uma mácula e a companhia que tal nos proporciona.
Depois forçamo-nos a conhecer alguma coisa nova, convidar sentimentos para decorar a atmosfera e pessoas para encher a festa. Abrimos a porta com um enorme sorriso e todos se juntam para dançar e conversar. Chegamos mesmo a ter que abrir as janelas porque o calor se torna avassalador. E quando pensamos ter a casa cheia, já o vazio espera à porta pela sua vez de entrar.

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