fecho com força as pálpebras
e delas se desprendem estes corpos erguem-se
os rostos enevoados de sono
movem-se lentamente pela noite enleando-se
na trepidação da música desgastam
o que a insónia de ontem deixou como um sobejo
vibram riem entre desejos adiados
pelas pequenas derrotas do amor
são corpos nem tristes nem alegres
esperam o amanhecer encostados aos bares
estáticos e sós sob a luz nervosa dos néons
muito sós e sem nome
oferecem-se perdidos de cansaço adormecem
antes que a cidade se incendeie e revele
o fundo desolado dos espelhos
abro por fim os olhos
pinto até que o branco iridiscente da tela
se deixe inundar pelo luminoso retrato da solidão
- Al Berto
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