estávamos os dois a pensar
no mesmo, a força
das palavras,
o seu peso
quando escapam
de um pensamento
e assaltam o silêncio
digo sangue
e uma veia irrompe
do meu peito,
dela jorra um segredo
que se esvai
na tua carpete e tu
recuas horrizada
com medo de manchar os sapatos
mas no fim toda a casa
está submersa
já não há nenhum móvel
sobre o qual possas subir
encheu todos os espaços
não podes evitá-lo
estás mergulhada
nisto que eu tinha
escondido
com tanto cuidado
something has broken...
talvez me reconheças ainda
um dia mais tarde
quando ao saíres de casa
apressada te olhares
uma última vez
ao espelho
e compondo o cabelo
talvez me vejas
balançando por trás dos teus ombros
com o sorriso desolador
de um fantasma
e talvez repenses um pouco
as minhas palavras
que sangraram, assim
pode ser que então entendas
que o silêncio
quando se quebra
não é coisa de que se possam
juntar os pedaços
e voltar a colá-lo.
1 comentário:
boa
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