sexta-feira, agosto 10, 2007

mar morto

morto
na penumbra
soçobrando,
engoliu em seco
um grande golpe
de ar
e sufocou
a identidade
de um amor

ninguém gritou
só o silêncio,
só o silêncio
avisou que aquela morte
roubaria ao jardim
o perfume,
mas as flores
estavam ofuscadas
pela luz do sol
e só de noite
a negrura
ouviu uma voz
assustada,
perguntava:
e agora
onde vou?

o amor
errava -
suspeita
de um rio,
acreditando
que se ao menos
continuasse
iria desaguar
no imenso
mar

mas o rio
quando acaba
no mar
perde-se
sem as margens,
é só mais um
corpo salgado
numa vala comum
preservada
memória
do azul
morto.

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